Não é novidade que os meios de pagamentos digitais vêm demonstrando uma expansão significativa em nossa economia, principalmente impulsionados pelos novos meios, como PIX, cartões digitais, pagamentos por aproximação e comércio eletrônico. Esse crescimento se tornou ainda mais notável durante a pandemia, onde o mundo digital se tornou um forte aliado para superar a crise sanitária.
Os resultados registrados pelo setor em 2021 demonstram muito dessa aceleração digital. A Abecs, por exemplo, constatou que o PIX representou uma participação de 54% no consumo das famílias brasileiras. Enquanto isso, a modalidade de pagamento por aproximação cresceu 384,6% e movimentou R$198,9 bilhões. Já o pagamento por QR Code foi utilizado por mais de três em cada dez brasileiros para pagar suas compras, segundo dados da Febraban.
Ao observar essa aceleração e as mudanças no comportamento dos consumidores, é possível evidenciar que os cartões e as carteiras digitais estão cada vez mais presentes no dia a dia dos brasileiros. Nunca houve tantas e variadas opções de pagamento disponíveis.
Não longe disso, as transações com cartões – sejam crédito, débito e pré-pago – também seguem em ritmo ascendente, como mostra a Abecs. No primeiro semestre de 2022, a modalidade movimentou mais de R$1,6 trilhões, valor captado em cerca de 18,7 bilhões de transações. Ainda nesse cenário, seguindo a tendência de crescimento esperada pelos especialistas, os pagamentos por aproximação já representam mais de um terço das compras presenciais e fecharam o semestre com um crescimento superior a 340%.
Quando se trata das carteiras digitais, seu crescimento vem sendo impulsionado pela inclusão de recursos que melhoram a experiência de compra e, ao mesmo tempo, possibilitam a criação de serviços inovadores. Conforme a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, 61% dos brasileiros que utilizam smartphones já possuem carteiras digitais. Para esses usuários, a facilidade e a confirmação instantânea são os principais critérios que definem sua preferência.
Um estudo realizado pelo Bank of America, com dados da Sensor Tower, mostra que o número de downloads de carteiras digitais no mundo bateu recorde até o primeiro semestre deste ano. Foram mais de 20,8 milhões, um crescimento de 14% em relação ao ano anterior. A praticidade de possuir todas as informações financeiras em um único lugar e ter controle dos seus pagamentos na mesma hora, sem precisar esperar semanas pela fatura, também ajudam na popularização deste meio. Acredita-se que até 2025 as transações digitais apresentem um aumento em torno de 80%, atingindo quase 2 trilhões por ano, segundo análise realizada pela PwC.
Essa tendência se torna cada vez mais factível quando olhamos para o PIX, que em menos de dois anos se consolidou como o segundo meio de pagamento mais popular entre os brasileiros, ficando atrás apenas do cartão.
Segundo a Febraban, houve um crescimento de 72% na quantidade de usuários cadastrados no sistema entre março de 2021 e o mesmo mês deste ano. Enquanto isso, a quantidade de transações realizadas com PIX apresenta um aumento proporcionalmente maior do que o número de pessoas cadastradas na ferramenta. O meio deve crescer ainda mais nos próximos anos com a criação do PIX parcelado, saque, cobrança e débito, que possuem previsão de lançamento entre 2022 e 2023, segundo o Banco Central.
Com a tecnologia se tornando uma aliada indispensável na vida financeira da maioria dos brasileiros, é fato que as empresas precisarão cada vez mais diversificar a oferta de meios de pagamento se quiserem acompanhar o comportamento dos consumidores, que está cada vez mais exigente.
Futuro dos pagamentos analógicos
Em meio ao fortalecimento dos meios de pagamentos digitais e as tendências positivas para o futuro desse setor, é comum se perguntar: o que acontecerá com os meios de pagamentos analógicos e físicos?
Essa dúvida surge, principalmente, para aqueles que ainda enfrentam resistências em relação à segurança digital dos novos meios. A geração de brasileiros acima dos 50 anos, que ainda viveram suas vidas de forma offline e que se habituaram a um relacionamento mais pessoal com seus gerentes e bancos tradicionais, pode ter dificuldades para utilizar as novidades introduzidas pelas transações financeiras digitais.
Hoje, vemos muitos dos pagamentos tradicionais sendo ameaçados por novos meios como Open Finance, PIX e o Real Digital. Talvez seja um pouco radical afirmar que esses métodos irão desaparecer completamente um dia, mas a tendência é de que seu uso seja cada vez mais substituído por pagamentos digitais.
Muito da resistência está no fato de as pessoas ainda não entenderam completamente o que são essas novidades, como funcionam e quais as vantagens proporcionadas por elas. A insegurança e o medo de sofrer golpes e fraudes são os que mais influenciam na aceitação e aprendizado dessa geração. Felizmente, já existem alternativas que minimizem o risco nas transações digitais e as mudanças devem acontecer gradualmente.
Ainda assim, para que haja uma mudança radical no comportamento dos consumidores a fim de realmente causar a “extinção” dos meios de pagamentos analógicos, é preciso que haja primeiramente uma mudança no acesso à tecnologia no país. É preciso lembrar que hoje, cerca de 46 milhões de brasileiros vivem de forma offline, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. Em áreas rurais, o índice de brasileiros sem internet chega a 53,5%.
Como um setor dinâmico e de grande importância para economia, o ecossistema financeiro vem desempenhando um papel importante na aplicação de novas tecnologias. Por isso, para proporcionar informações e meios que contribuam para o aculturamento digital do consumidor, com o objetivo de ampliar seu interesse pelas novidades, é preciso ajudá-los a escolher o que melhor atende às suas necessidades e ajudar aqueles que ainda não estão incluídos digitalmente.
Enquanto isso, os métodos tradicionais e os novos meios vão coexistindo e trazendo inúmeras vantagens e opções para que o consumidor possa escolher livremente qual se adapta melhor a sua realidade e ao seu dia a dia. E antes de qualquer mudança radical, a digitalização total dos meios de pagamentos precisa percorrer alguns caminhos para alcançar o potencial que promete.
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